Governador anuncia instalação de abrigo estadual de acolhimento Yanomami
O local, de propriedade do Governo do Estado, fica a cerca de 200 metros da Casai (Casa de Saúde Indígena) Yanomami, na zona rural de Boa Vista, na região do Monte Cristo.
Em documento encaminhado ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Roraima, Antonio Denarium, anunciou a instalação de um abrigo estadual de acolhimento para os povos Yanomami. A medida deve ser efetivada nos próximos 30 dias e a gestão será do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami. As atividades no local devem ser desenvolvidas em parceria entre órgãos do Estado e a União.
“Estive em reunião com os ministros e reafirmo o compromisso com Roraima e com o Brasil. Estamos disponibilizando a estrutura da administração pública do Estado em apoio ao Governo Federal para unirmos forças e sanar a grave crise enfrentada pela população Yanomami. Será um trabalho feito em conjunto e de forma coordenada”, declarou o governador Antonio Denarium.
O local, de propriedade do Governo do Estado, fica a cerca de 200 metros da Casai (Casa de Saúde Indígena) Yanomami, na zona rural de Boa Vista, na região do Monte Cristo. O espaço será adaptado para acolher os indígenas em tratamento de saúde, com ambiente seguindo os costumes da etnia. São 500 metros quadrados e bloco anexo, que funcionará como administração, enfermaria e coleta de exames.
A gestão do espaço será de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena, com apoio da Sesau (Secretaria da Saúde) e Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social), órgão que será responsável pela assistência social ao público.
A ideia é que o abrigo estadual obedeça aos hábitos e costumes da etnia, sem que haja nenhum prejuízo à cultura secular dos Yanomami, e deve funcionar durante o período de vigência do decreto da Espin (Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional), com instalações que estão localizadas ao lado da Casai Y, melhorando assim a qualidade dos indígenas acolhidos pela instituição.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa destacou a importância de unir esforços para solucionar todas as demandas do estado de Roraima e serão solucionadas, mas, neste momento, a prioridade dessa parceria entre os governos é a solução da crise humanitária do povo Yanomami.
“A vinda do governador Antonio Denarium mostra que o nosso governo trabalha pelo Brasil e que disputas eleitorais ou lados ficaram no passado, agora temos que nos preocupar em cuidar das pessoas, cuidar da nossa gente, cuidar do Brasil e nesse momento, junto com o governador Denarium, unir forças para resolver definitivamente essa crise, sem deixar ninguém desassistido”, enfatizou o ministro.
No documento, Denarium propõe dinamizar o atendimento nas unidades estaduais de saúde com adoção do protocolo de alta hospitalar para que os pacientes indígenas possam retornar o mais rápido possível para as comunidades.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o Governo Federal sabe da complexidade do tema e a necessidade de agir com inteligência e prudência, sem esquecer do cuidado com o Brasil.
Padilha destacou a participação do governador Antonio Denarium, que foi acompanhado pelo senador Hiran Gonçalves, e deixou claro que a construção da solução será feita por todos e que recebeu a prestação de contas e o plano de ação do Governo de Roraima com muito otimismo, ciente de que a união entre os entes federativos vai garantir resultados mais sustentáveis. “Nosso Governo [Federal] está aberto ao diálogo e o presidente Lula não tem sentimento revanchista e buscará ajudar Roraima como todo Brasil, a solucionar todas as mazelas”, complementou.
Ações do governo estadual nas terras indígenas
Ao longo de quatro anos (2019-2022), o Governo de Roraima investiu em projetos de geração de renda e segurança alimentar para as populações indígenas. Foi implementado o projeto de grãos, com o plantio de 2.400 hectares de milho e feijão-caupi, beneficiando 154 comunidades e mais de 1.800 famílias.
Só no ano passado, os 110 polos de produção colheram 5.000 toneladas de milho e 1.100 toneladas de feijão-caupi. Além de garantir a segurança alimentar das comunidades, o excedente pode ser comercializado e a renda revertida para as comunidades indígenas.
O Governo do Estado entrega todos os insumos e recursos necessários à produção dessas culturas, desde a preparação do solo até a colheita dos grãos, sem qualquer custo para as comunidades e ainda adquire grande parte da produção das comunidades. Em 2022, tais aquisições superaram a ordem de R$ 2,5 milhões por meio do PAB (Programa Alimenta Brasil), o antigo PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
Ainda em relação à segurança alimentar, o Executivo também atende as comunidades indígenas com o Programa Cesta da Família, projeto oficial de transferência de renda estadual, com público de aproximadamente 11 mil famílias indígenas.
O Governo do Estado gerencia 363 escolas estaduais em Roraima, das quais 260 se encontram em comunidades indígenas e atendem a 17.279 alunos indígenas.
No caso do povo Yanomami, são atendidos 1.740 estudantes da etnia em 33 escolas, sendo 21 em funcionamento pleno, com a entrega regular de merenda e kits de material escolar.
Roraima também foi o primeiro Estado brasileiro a realizar concurso público específico e diferenciado para a contratação de 1.000 professores indígenas para atuar nas comunidades, incluindo a área Yanomami.
Na saúde, o atendimento inicial é da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), dentro da comunidade. Em caso de agravamento do quadro, o paciente é encaminhado via aérea para a Capital, onde é acolhido pelas unidades hospitalares do Governo do Estado, que trata até o momento da alta médica e retorno para a comunidade Yanomami.
Nos últimos 4 anos, o Governo realizou mais de 27 mil atendimentos e procedimentos de saúde em favor da população indígena, sempre observando o protocolo determinado pela Sesai.
Link do documento
O ofício enviado ao Palácio do Planalto está disponível para visualização por meio deste link.
João Paulo Pires e Leandro Freitas